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Afinal, como funciona o processo de atualização no Android?

Comentário

Dentre várias cartas na manga, o Android tem um grande tendão de Aquiles: a fragmentação do sistema. Hoje em dia com uma variedade de modelos tão grande rodando o sistema, não é difícil encontrar modelos até mesmo de médio ou grande porte, rodando versões muito antigas do sistema. Mas afinal, quais são os passos que uma fabricante tem de realizar antes de lançar o firmware para o usuário? Entenda agora as dificuldades pelas quais as fabricantes passam para garantir que seu modelo esteja atualizado!

No Android esse processo é muito mais complicado do que em plataformas fechadas como o iOS ou o Windows Phone, no SO da Apple, ela conhece muito bem o hardware para qual o sistema é destinado, assim a adaptação Sistema+Hardware é feita com sincronia e leveza. No Windows Phone a coisa muda um pouco mas não tanto, antes de uma atualização a Microsoft lança uma lista de requisitos mínimos para as fabricantes, essa lista representa o mínimo de hardware necessário para o uso do sistema, e é válida tanto para modelos já lançados quanto para os que ainda vão chegar as lojas. Isso diminui a variação entre componentes, garantindo uma margem de qualidade mínima a ser respeitada. Já no SO da Google isso ocorre de forma totalmente diferente, a fabricante e vários parceiros passam por vários passos até que o novo software esteja disponível para instalação no seu aparelho, pois bem, vamos ver como funciona?

Lançamento do DevKit

(Imagem/Reprodução: Wikimedia Commons)

Assim como vimos no Android L, a Google lança exclusivamente para as fabricantes uma versão preview de seu próximo sistema, essa versão não é estável e muito raramente tem utilidade para o usuário final. Porém para a fabricante ela é de enorme importância pois com ela é possível saber qual modelo suportará o novo sistema, ou não. Com a chegada do DevKit surge também a primeira dificuldade: adaptar o sistema ao hardware próprio. Para quem não sabe, a Google lança o Android adaptado ao seu hardware nativo, ou seja: os Nexus. Por causa disso o sistema sai nativamente do Google suportando o hardware de dispositivos Google apenas, quem faz a adaptação é a própria fabricante.

Substituição da camada HAL

Os primeiros ajustes são feitos em relação ao SoC, o processador em si e em elementos de funcionamento básico do sistema, como memórias e sensores. Para que os ajustes sejam feitos, é necessário que a fabricante dos componentes (Qualcomm, MediaTek, Samsung etc.) também tenha adaptado o sistema aos processadores, memórias e chipsets que produzem. O processo é muito similar a adaptação de drivers num computador, não é algo que dependa só da fabricante do dispositivo, mas também de quem fabrica suas principais peças.

Em 2013 a Texas Instruments pediu falência e saiu do mercado de semi-condutores, esse acontecimento, por exemplo, impediu o Galaxy Nexus de chegar ao Android KitKat, já que os drivers necessários para o funcionamento do sistema não foram entregues pela Texas Instruments, a fabricante do processador do smartphone. 

Como explicamos, a Google lança o novo Android destinado à produtos próprios, ou seja, quem fabrica o Galaxy S5 tem de adaptar a ele um sistema feito para o Nexus 5. Todo esse processo acontece alguns meses antes do anunciamento da nova versão para nós, consumidores. Assim a Google garante que as empresas não sejam pegas de surpresa com o anuncio de alguma nova função do sistema, afinal isso estagnaria grande parte dos smartphones, e para a Google nada disso é rentável.

Após a adaptação do sistema ao hardware principal, empresas como a NVIDIA, que fabrica chips, envia um código-fonte para empresas como Sony, Samsung, LG e afins informando que o produto deles (o chipset) pode sim executar a nova versão do Android, e que a marca do telefone, pode continuar com o processo de atualização. O nome desse processo imenso é chamado de “Substituição da camada de abstração HAL”, que é basicamente uma reforma no kernel do Android, permitindo que ele funcione com o chip de memória, RAM, processador, WiFi, telefonia etc. Que a fabricante quiser.

Nesse processo, fabricantes que lançam muitos aparelhos, como a Samsung ou a LG, são prejudicadas. Pois tem de adaptar o sistema a vários dispositivos diferentes, já que a mínima diferença de hardware, exige uma reforma do HAL. Já as marcas que lançam poucos aparelhos, como a Motorola, ganham muito tempo nessa corrida.

Operadoras (as reais vilãs)

(Imagem/Reprodução: HTC)

Caso o dispositivo em questão tenha vínculos com operadoras, (algo muito comum nos EUA, onde versões modificadas dos modelos são lançadas exclusivamente com uma operadora de telefonia) é necessária a aprovação desta operadora também. No mercado americano, a operadora é quem realmente define o destino de um aparelho, como o cliente geralmente muda de smartphone mas nunca de plano de telefonia, as operadoras controlam o mercado decidindo quem continua no mercado e quem sai.

O processo só não é realizado em modelos que nunca terão vínculo com operadora, como modelos Nexus, Google Edition, ou modelos já desbloqueados na fábrica. Porém nada disso garante que no mercado americano, a operadora não seja de fatal importância na atualização de um modelo. Se para a empresa o mais rentável é a retirada de um modelo do mercado para que um lançamento o substitua, esse aparelho não será atualizado.

No caso de um modelo aprovado, muitas vezes é aí onde ocorre a instalação de aplicativos da operadora, os chamados bloatwares. As demais alterações na firmware que diferenciam o modelo vinculado à um desbloqueado, como o bootanimation entre outros, também são feitas nessa etapa.

Implementação da Interface de Usuário

Esse é para alguns usuários, o momento mais drástico da atualização, que é quando a empresa implementa aplicativos próprios e a sua Interface de Usuário, no caso da Samsung por exemplo, ocorre a instalação da TouchWiz, com todos os seus arquivos (papéis de parede e sons), aplicativos e modificações.

Como esse processo tem um impacto drástico no funcionamento do sistema, a empresa realiza um teste com beta-testers, para avaliar se mesmo com a implementação da UI, o dispositivo “aguenta” o peso da atualização, é aí onde muitos aparelhos que poderiam receber a atualização, ficam para trás, já que não suportaram de forma satisfatória o novo sistema junto das modificações de sua fabricante. Para fabricantes que usam o Android de forma mais próxima ao puro, ou com menos modificações, o processo leva menos tempo, e atualização sai mais leve e mais rapidamente para o dispositivo destinado.

Liberação do firmware

(Imagem/Reprodução: DroidLife)

Agora é a reta final, a fabricante já tem a aprovação do Google e de suas parceiras fabricantes de hardware, além do aval das operadoras. O comunicado de atualização é lançado e a firmware é liberada, seja por PC Suite (softwares controladores que atualizam via PC, como o Kies, da Samsung) ou por método OTA (Over-The-Air, que é o download do novo software no próprio celular).

Esse processo é feito em partes, geralmente apenas um continente recebe a atualização antes de todos (na maioria dos casos a Europa), assim, caso algum problema seja detectado no novo sistema, a empresa pode reparar a atualização antes que ela se propague mundialmente causando danos maiores do que simples bugs.

Como podemos ver, o processo de atualização não é nada fácil para a maioria das fabricantes. Salvo a Motorola, todas as outras grandes empresas possuem muitos modelos em mercado, todos diferentes em seu interior, isso aumenta o período de espera pela aprovação da fabricante de hardware, e atrasa o seu update. Portanto, nada de stress se seu aparelho não foi atualizado, muitas vezes a culpa da retirada de um smartphone do plano de atualização não é da fabricante, mas sim de fatores que ocorreram durante a implementação do update.

*O processo pode variar e ter mais etapas, dependendo da fabricante ou região.

Fonte: PhoneArena, Sony BlogXperia

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